.quando o sol bater.

Cheguei aqui hoje e sentei na mesa 2. Pedi uma água, porque papos sérios e início de semana combinam com algo mais neutro [ ou deveria ser algo mais forte ? ].

Dei um play no ‘toca aqui, vezenquando’ e fiquei ouvindo a música... Foi quando o Renato Russo cantou:

‘Tudo é dor e toda dor vem do desejo de não sentirmos dor...'

Isso está relacionado com o que falamos na semana passada, sobre o medo das transformações... em algumas pessoas não terem coragem de ser atleta de elite [ aqueles que vão sem se perguntar o porquê, nem como... apenas vão acreditando que encontrarão as respostas ao longo do caminho ].

Sim, eu concordo com o Renato Russo, na ânsia de não sentirem dor, as pessoas acabam se privando das mudanças, as vezes tão necessárias. E aí o resultado [ que aparentemente seria diferente ] acaba sendo sofrimento e muita dor. E nesse momento de inércia [ que se fica parado dentro do buraco que foi cavado ], nesse momento de ficar pesando as coisas e não chegando a nenhum lugar, é que nos damos conta de que se ficou preso dentro da própria existência.

Como disse a Martha Medeiros em ‘Amputações’, têm pessoas que estão acostumadas com a experiência de ficar com um pedaço de si aprisionado, imóvel, apodrecendo, impedindo a continuidade da vida. Mas muitos, [ talvez os atletas de elite ], ‘tiveram a sua grande rocha para mover e, não conseguindo movê-la, foram obrigados a uma amputação dramática, porém necessária’. E nisso se enquadra tudo que ‘é nosso, mas que teve que deixar de ser, na marra, em troca da nossa sobrevivência emocional. E física, também, já que insatisfação é algo que debilita’. 

Hoje inicia a semana e muita coisa pode ser mudada... Então:

Quando o sol bater

Na janela do teu quarto,

Lembra e vê

Que o caminho é um só...

Por que esperar

Se podemos começar

Tudo de novo

Agora mesmo?