Olá, povo! :)
Ontem recebi uma crônica da 'Domingueira Poética' (um grupo que faço parte) e fiquei refletindo sobre a profundidade dessa frase do título do post, que nos fala de preconceito, de envelhecer, mas acima de tudo nos lembra a possibilidade de tentar de novo, de se permitir, de ser feliz.
Na crônica 'Um tempo sem nome', Rosiska fala sobre o namoro do Chico Buarque com a cantora Thaís Gulin:
Com seu cabelo cinza, rugas novas e os mesmos olhos verdes, cantando madrigais para a moça do cabelo cor de abóbora, Chico Buarque de Holanda vai bater de frente com as patrulhas do senso comum. Elas torcem o nariz para mais essa audácia do trovador. O casal cinza e cor de abóbora segue seu caminho e tomara que ele continue cantando “eu sou tão feliz com ela” sem encontrar resposta ao “que será que dá dentro da gente que não devia”.
Afinal, é o olhar estrangeiro que nos faz estrangeiros a nós mesmos e cria os interditos que balizam o que supostamente é ou deixa de ser adequado a uma faixa etária. O olhar alheio é mais cruel que a decadência das formas. É ele que mina a autoimagem, que nos constitui como velhos, desconhece e, de certa forma, proíbe a verdade de um corpo sujeito à impiedade dos anos sem que envelheça o alumbramento diante da vida.
[ ... ]
"Meu tempo é curto e o tempo dela sobra”, lamenta-se o trovador, que não ignora a traição que nosso corpo nos reserva. Nosso melhor amigo, que conhecemos melhor que nossa própria alma, companheiro dos maiores prazeres, um dia nos trairá, adverte o imperador Adriano em suas memórias escritas por Marguerite Yourcenar.
Todos os corpos são traidores. Essa traição, incontornável, que não é segredo para ninguém, não justifica transformar nossos dias em sala de espera, espectadores conformados e passivos da degradação das células e dos projetos de futuro, aguardando o dia da traição.
Chico, à beira dos setenta anos, criando com brilho, ora literatura, ora música, cantando um novo amor, é a quintessência desse fenômeno, um tempo da vida que não se parece em nada com o que um dia se chamou de velhice. Esse tempo ainda não encontrou seu nome. Por enquanto podemos chamá-lo apenas de vida."
[ leia a crônica na íntegra aqui ]
Além de ensinamentos sobre a vida, a nova fase do Chico nos brindou com essa preciosidade chamada 'Essa pequena'...
Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora
Temo que não dure muito a nossa novela, mas
Eu sou tão feliz com ela
Meu dia voa e ela não acorda
Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida
Acho que nem sei direito o que é que ela fala, mas
Não canso de contemplá-la
Feito avarento, conto os meus minutos
Cada segundo que se esvai
Cuidando dela, que anda noutro mundo
Ela que esbanja suas horas ao vento, ai
Às vezes ela pinta a boca e sai
Fique à vontade, eu digo, take your time
Sinto que ainda vou penar com essa pequena, mas
O blues já valeu a pena
Boa semana, povo!
Como cantou o Lulu, 'vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitiiiirrrrrr'! ;)
Envelhecer é uma merda!
ResponderExcluirÉ a única maneira de se continuar vivo.
Que venha o tempo, então...
Com suas garras mortais, com suas rugas.
Estou pronto.
Estou vivo!
A única coisa que me assusta em envelhecer é o corpo não acompanhar mais a cabeça.
ResponderExcluirO resto é só o resto.
E como disse a Clarice, ninguém é feliz com o resto. ;)
...ninguém é feliz com o resto...
ResponderExcluirquero envelhecer, mas quero que demore, muito! =)
Só sei que eu queria ser essa Thaís. Ô véio lindo esse Chico! kkk
ResponderExcluirhahahaha...
ExcluirTatiiii, não tinha lido essa tua 'pérola'!!!
Adorei!!!!
PS.: Tb sinto ma 'invejinha' dessa Thaís!!! :)
Nossa, desenterrou o post hehehe
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