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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

.sinto vontade de chorar e choro.

Oi genteeee!!! Eu ainda não consegui sair do clima do Dia dos Pais. Essa é uma data que realmente toca o meu coração.

Enquanto muitas pessoas falam na importância apenas da mãe na vida do filho, eu sou aquela outra parte que reconhece o grande papel do pai. Talvez essa minha sensibilidade tenha sido aflorada porque eu passei grande parte da minha vida longe do meu pai e sofri na ‘pele’ essa ausência.

A Grassi e o Deryl deixaram o depoimento sobre a felicidade de poderem desfrutar da companhia de seus pais no último domingo. O Pablo e o Feio registraram aqui o orgulho de serem pais falando nos filhos. Eu achei isso tão lindo!

Lendo as poesias do Vinicius de Moraes, como eu sempre faço, eu descobri uma poesia que ele fez para o seu filho, intitulada ‘Pedro, meu filho...’. Eu colocarei a letra nos comentários do post.




Nesse embalo, eu também quero deixar aqui registrado a poesia que há muito tempo atrás eu fiz para o meu pai:

Penso tanto em ti, Pai:

As vezes, quando todos vão dormir,  o silêncio e o escuro tomam conta do meu quarto e eu tenho medo de ficar sozinha... eu fecho meus olhos e busco refúgio em ti.

Fico horas e horas imaginando como teria sido a minha vida se eu tivesse tido a oportunidade de  te ter ao meu lado. Eu fico imaginando como seria ter, mas ter de verdade, um pai.

E eu crio para ti um novo corpo, um novo rosto e uma força indescritível.... bem diferente daquela fragilidade que me inspira aquelas fotos amareladas com o tempo.

Nessas noites escuras, pai, eu me permito sonhar sonhos multicoloridos: eu te amando: tu me amando: eu te precisando: tu me protegendo: eu rindo: tu rindo: eu correndo: tu correndo: eu presa e fortalecida pelo teu abraço: a gente feliz.

Essas noites escuras e silenciosas me fazem pensar em todas as vezes que eu quis dizer e não pude: meu pai não deixa, isso eu aprendi com o meu pai, meu pai disse que não é assim, vou contar tudo pro meu pai...

Ô, Pai! Quanto tempo desperdiçado!

Mas quando eu penso, pai, de olhos abertos, e não nos sonhos dormidos, eu vejo que os poucos momentos que desfrutamos juntos também foram valiosos. Te amo o suficiente, porque moras em mim, independente da nossa trajetória, independente do começo e do nosso fim.

Mesmo assim, pai, eu queria que tivesse vindo de ti, inventada ou não, a vontade de ter estado mais tempo ao meu lado. Sinto vontade de chorar e choro. Penso na tua imagem e refaço-a várias vezes, de olhos fechados, e escolho aquela que quero guardar em mim, bem lá no fundo.

Sinto saudade, pai!

7 comentários:

  1. Pedro, meu filho...
    Vinicius de Moraes
    Composição: Vinicius de Moraes

    Como eu nunca lutei para deixar-te nada além do amanhã indispensável: um quintal de terra verde onde corra, quem sabe, um córrego pensativo; e nessa terra, um teto simples onde possas ocultar a terrível herança que te deixou teu pai apaixonado - a insensatez de um coração constantemente apaixonado.

    E porque te fiz com o meu sêmen homem entre os homens, e te quisera para sempre escravo do dever de zelar por esse alqueire, não porque seja meu, mas porque foi plantado com os frutos da minha mais dolorosa poesia.

    Da mesma forma que eu, muitas noite, me debrucei sobre o teu berço e verti sobre teu pequenino corpo adormecido as minhas mais indefesas lágrimas de amor, e pedi a todas as divindades que cravassem na minha carne as farpas feitas para a tua.

    E porque vivemos tanto tempo juntos e tanto tempo separados, e o que o convívio criou nunca a ausência pôde destruir.

    Assim como eu creio em ti porque nasceste do amor e cresceste no âmago de mim como uma árvore dentro de outra, e te alimentaste de minhas vísceras, e ao te fazeres homem rompeste meu alburno e estiraste os braços para um futuro em que acreditei acima de tudo.

    E sendo que reconheço nos teus pés os pés do menino que eu fui um dia, em frente ao mar; e na aspereza de tuas plantas as grandes pedras que grimpei e os altos troncos que subi; em tuas palmas as queimaduras do Infinito que procurei como um louco tocar.

    Porque tua barba vem da minha barba, e o teu sexo do meu sexo, e há em ti a semente da morte criada por minha vida.

    E minha vida, mais que ser um templo, é uma caverna interminável, em cujo recesso esconde-se um tesouro que me foi legado por meu pai, mas cujo esconderijo eu nunca encontrei, e cuja descoberta ora te peço.

    Como as amplas estradas da mocidade se transformaram nestas estreitas veredas da madureza, e o Sol que se põe atrás de mim alonga a minha sombra como uma seta em direção ao tenebroso Norte.

    E a Morte me espera em algum lugar oculta, e eu não quero ter medo de ir ao seu inesperado encontro.

    Por isso que eu chorei tantas lágrimas para que não precisasse chorar, sem saber que criava um mar de pranto em cujos vórtices te haverias também de perder.

    E amordacei minha boca para que não gritasses e ceguei meus olhos para que não visses; e quanto mais amordaçado, mais gritavas; e quanto mais cego, mais vias.

    Porque a poesia foi para mim uma mulher cruel em cujos braços me abandonei sem remissão, sem sequer pedir perdão a todas as mulheres que por ela abandonei.

    E assim como sei que toda a minha vida foi uma luta para que ninguém tivesse mais que lutar:
    Assim é o canto que te quero cantar, Pedro meu filho...

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  2. Carlaaaaa, se vc estivesse aqui te dava um abraço!

    Não seria um abraço de pai, mas seria um abraço fraterno.. de irmão, de amigo. De quem passou por situações muito parecidas e te entende.

    De quem sofreu as conseqüências das escolhas de outros e foi marcado por elas.

    Ao ler sua linda poesia me encontrei em várias palavras, em várias linhas.. nem sempre escolhi reagir da mesma forma, mas te endendo.

    Um beijo e um abraço bem apertado, tá?!

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  3. Tá! Eu me sinto abraçada. Obrigada! :)

    Essas escolhas que não são nossas... :(

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  4. Masss vai lá ficar com ele!!!!
    Ele vive!
    Não deixa pra fazer depois o que tu pode fazer hj!!!

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  5. Como eu gosto da poesia do Vinicius...

    'Como eu nunca lutei para deixar-te nada além do amanhã indispensável: um quintal de terra verde onde corra, quem sabe, um córrego pensativo; e nessa terra, um teto simples onde possas ocultar a terrível herança que te deixou teu pai apaixonado - a insensatez de um coração constantemente apaixonado.

    ....

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  6. 'E minha vida, mais que ser um templo, é uma caverna interminável, em cujo recesso esconde-se um tesouro que me foi legado por meu pai, mas cujo esconderijo eu nunca encontrei, e cuja descoberta ora te peço.'

    Que coisa mais linda isso... Como é que pode alguém não conhecer a poesia de Vinicius!

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  7. 'Porque a poesia foi para mim uma mulher cruel em cujos braços me abandonei sem remissão, sem sequer pedir perdão a todas as mulheres que por ela abandonei.'

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