O tempo é esse sujeito esquisito que a gente tenta domesticar, mas ele sempre escapa. Vive passando com ares de quem não deve explicação. Um dia corre, no outro se arrasta, e a gente fica tentando sincronizar o relógio com algo que nunca para quieto.
No amor, então, o tempo é ainda mais sacana. Quando a gente tá dentro, parece que o relógio fica bêbado: cinco minutos viram uma eternidade e uma semana passa num estalo. E quando acaba... porque tudo, de algum jeito, acaba... o tempo vira juiz. Ele não tem pressa, mas também não tem pena. Vai desgastando o que era intenso até virar lembrança mansa, meio amarelada.
No cotidiano, o tempo veste terno e relógio de pulso. Cobra produtividade, pontualidade, foco. A gente entra na engrenagem e começa a medir tudo: quanto falta pra sexta, quanto dura o café, quanto tempo ainda dá pra amar alguém sem perder o ritmo da vida. E no meio dessa matemática fria, esquecemos que o tempo que realmente vale não se mede. Se sente.
Talvez o segredo seja parar de correr atrás do tempo e deixar que ele venha até nós. Deixar o amor desacelerar o ponteiro, fazer o cotidiano respirar. Porque o tempo, quando encontra um coração em paz, parece finalmente se sentar, pedir uma cerveja e dizer: “Calma, ainda dá tempo”.